quinta-feira, 30 de maio de 2019

Para não tossir até que o botoque caia

Remédio caseiro também é culinária de galpão!





Achei umas fotos perdidas que tirara quando fiz o xarope de Caraguatá no ano passado (essa ai de cima não é minha), ou de bananinha do mato, e como está quase no fim a época do ano que esta planta produz seus frutos, acho que vale a pena publicar, porém não há muita novidade aqui. Este é um dos remédios mais tradicionais de nossa cultura colonial e foi aprendido, com certeza, dos índios.

Antes, fiquei curioso e fui tentar descobrir o que significa Caragutá em Guarani e parece que os índios usam esta palavra para se referirem a coisas em sequência, o que é bem apropriado, pois estas plantas que se chamam de Bromelia balansae na faculdade, além de se parecerem com o Ananás, nascem entoiceiradas, criando verdadeiras barreiras, quase sempre nas bordas úmidas das matas em regeneração no sul temperado do Brasil. Suas folhas longas, resistentes e espinhosas não convidam a enfrentá-lo.

Há uma vasta gama de informações na internet, basta procurar pelo nome que surge de tudo, até gente dizendo que é milagroso... Sem exageros, ele funciona, é ótimo para tosse e ajuda muito expectorando o catarro, mas não creio que combata a febre e, sinceramente, duvido que sirva para coisas mais pesadas, como pneumonia, mas de qualquer forma o uso desde criança, assim como todo mundo lá em casa, e quase sempre algum amigo pergunta se tenho.




Seus frutos não são gostosos, talvez alguns animais apreciem, mas para fazer o xarope tem que misturar com açúcar e ou mel. Se pode colocar outras ervas junto, mas é bom usar apenas aquelas que somam no propósito da tosse.

Achei uma referência de que os índios Bororós, aqueles que usam grandes botoques na boca, o apreciam na culinária. Creio que usam mais a sua inflorescência e os rizomas, como não tenho o livro das PANCs, não vou saber se o Valderi o considerou alimentar, de qualquer forma peço a quem souber alguma receita para compartilhar nos comentários, será muito bem vinda.

Chega de Xaropiar

O processo é bastante simples, basta achar o cacho no campo, isso se se pode chamar algo que está apontando para cima de cacho, e separar os frutos, cortá-los no meio e colocar tudo em uma forma grande.

Cobrir os frutos cortados com açúcar e um pouco de mel, usei o mascavo para ficar mais natural e há quem use apenas mel. 

Adiciona-se, então, alguma erva medicinal que ajude na tosse, neste caso caso usei só o Poejo, mas sempre coloco Guaco também, só não tinha  a mão neste dia.

Por fim vai ao forno por algumas horas, adicionando-se água sempre que ficar viscoso demais.

Cuide para não queimar que depois vai bastar escorrer, coando com com um pano de algodão, para dentro de algum vidro de conserva. Eu deixo na geladeira, mas também dura bastante fora dela, apenas creio que se deva colocar mais açúcar, pois é um conservante poderoso.

Há muitas variantes do processo, descrevi o que uso e sempre deu bom resultado, exceto quando esqueço no forno, mas ai é outro problema. Por certo não há norma técnica... então todas as maneiras de preparar o xarope são certas, apenas ressalto uma que me parece interessante e ainda vou experimentar: fazer sem colocar no forno, dessorando apenas com açúcar, na sombra e em temperatura ambiente por alguns dias, antes de mofar, claro. Não sei se o calor não degrada os princípios ativos, então talvez haja alguma vantagem em fazer desta forma, embora o rendimento deva ser bem menor.  



O gosto é bom e as crianças tomam o Xarope sem reclamar, não que adultos não devem utilizá-lo também, pelo contrário. Não sei de contra indicação, tão pouco de reação alérgica, mas quem nunca tomou é bom ir devagar.

TOME-SE

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