domingo, 19 de fevereiro de 2017

Moisés sem o cajado morria afogado!



Faz tempo que não incorporo o Pastor Alemão neste blog, que permanece bem desbalanceado! Desta forma vou discutir um pouco de manejo seguro de ovinos, ou sem stress, ou humanitário, como queiram e isto não tem nada haver com Moisés, mas muito com seu cajado.



São informações e aprendizados que julgo interessantes, alguns bem óbvios, mas a maioria deve ser útil. Quando vieram de fontes virtuais foram testados na prática, mas há ensinamentos vindos de outros pastores mais experientes e caprichosos que eu, além de umas poucas, mas valorosas coisas que aprendi direto na lida, quebrando a cara e às vezes algum animal azarado...

Faço isso porque não é raro observar manejos mais ou menos violentos, com latidos, gritos e força bruta, seja na vida, seja no "ioutubs", independente do animal, essas "farras" são a prova da imaturidade da nossa pecuária. Evoluir é necessário e urgente.

É claro que, por vezes,alguma intensidade é necessária na lida com animais, o problema está na frequência, pois ela produz a regra e acaba por inviabilizar um manejo racional, humanitário, sem stress desnecessário para o animal e para o seu tratador. Pode parecer lorota, mas não é raro animais com o palato rompido pelo aparelho que aplica o vermífugo oral, dada a brutalidade do operador, possivelmente acostumado mais aos bovinos, além disto, os ovinos têm dentes e é bom que os mantenham! Fica este alerta!

Dicas práticas:

  • Ovinos são desconfiados e medrosos por natureza, tu não precisa piorar isso.
  • Cães sem treino são um inferno. Aprendi que nem todos são capazes de ajudar no manejo com ovelhas e as raças só ajudam, mas não resolvem o caso por si. Ou o cusco é bom, ou deixe-o em casa, isso também previne a Cisticercose - duas cabeças nem sempre pensam melhor que uma.
  • "Adestrar” o pastor é a parte mais difícil do adestramento do cão. 
  • Se houver bois e vacas na propriedade desista do cachorro com as ovelhas, não vai funcionar e será um milagre se o mesmo não se aplicar aos humanos.
  • Tenha pelo menos uma mangueira (ou seringa) e um curral específico para os ovinos.
  • Trabalhe na sombra, é melhor para todos.
  • Só dê injeções em animais imobilizados, caso contrário a chance de furar seu dedo é grande.
  • Ovinos pastam mais de manhã bem cedo e no final da tarde, evite estes dois horários para manejá-los e o meio no verão.
  • Miíase mata um ovino em poucos dias se ocorrer em local bem vascularizado (escroto), no verão repasse todo rebanho uma vez por semana quando estiver muito quente. Machos sempre brigam e dão mais trabalho com isso.
  • Só um idiota acredita que ovinos gostam de pasto baixo, eles gostam é de pasto novo, por isso comem o rebrote, acerte seu pastejo e preserve sua pastagem.
  • Cercas elétricas são boas no verão e outono, depois que a lã cresce fica bem difícil e menos que quatro fios é por dinheiro fora.
  • Sombra, sal e água a vontade.
  • Ovinos podem compor sistemas agroflorestais, só tem um segredo: sem pasto bom o suficiente eles levantam a cabeça e comem as árvores, a culpa será sua, lembre-se. Oliveiras não dá certo, eles acham melhor que pasto, nem tente.
  • Tentei usar homeopatia para a vermifugação, depois de muito ligar, perguntar e fazer as contas tive que desistir. Estou esperando eles baixarem o preço abusivo e criarem vergonha para ajustar a dose cientificamente, porque a diferença entre a mínima e a máxima chega a ser mais de 50% sem explicação e isso é muito dinheiro para jogar fora - ou dar de graça para eles. 


Então, para esta primeira conversa, como abordar um ovino, a aproximação para condução e a imobilização sentada e derrubada. Destaque especial a um instrumento inexplicavelmente fora de moda: o cajado.

Zona de Fuga

Na bibliografia estrangeira há o termo “Flight Zone” que no Brasil chamamos de Zona de Fuga e é o princípio mais básico do manejo racional de animais gregários como ovinos, caprinos e bovinos.

A Zona de Fuga possui um raio variável de animal apara animal e do próprio animal em diferentes momentos, porque todo ser vivo é único e tem sua personalidade influenciada pelas circunstâncias e experiências. Animais pastando tranquilos tem uma Zona de Fuga menor que animais estressados por terem sido tocados aos gritos e latidos (30 minutos é o mínimo para um animal voltar a ficar calmo) e os animais que vivenciam frequentemente a presença de um pastor que age com calma e segurança tendem a ter uma Zona de Fuga bem menor do que animais criados extensivamente e ou tratados com rudeza.

Todo pastor quando entra no um curral onde está seu rebanho sabe que logo será cercado por ele porque todos os animais vão tentar mantê-lo a vista e a uma distância que julgam segura, os mais mansos bem perto, os outros o mais longe possível. Ele também sabe que ao se mover o rebanho irá no sentido oposto ao seu - é a Zona de Fuga e o Ponto de Balanço (ou Equilíbrio) em funcionamento.

Na Zona de Fuga é onde se faz a abordagem do animal, ela fica no seu entorno e ao ser ultrapassada, dependendo do animal, seu grau de stress e mansidão, do ângulo e da velocidade com que a pessoa se aproxima, o animal reage de uma forma específica. O estudo original da pesquisadora Temple Grandin que descreveu pela primeira vez estes comportamentos foi traduzido para o espanhol sob o título de "La Zona de Fuga y el Ponto de Balance: como entenderlos" e pode ser baixado. Leia sem medo.

Seu princípio básico é a localização do Ponto de Balanço que fica situado no meio do animal: quando uma pessoa entra na Zona de Fuga por um dos lados frontais do animal ele buscará se afastar indo para trás, mas ao ultrapassar o Ponto de Balanço ele tenderá a caminhar em curva aberta no sentido oposto ao deslocamento da pessoa. 

Na imagem abaixo, obtida do manual Safe Sheep Handling, editado pelo Governo da Nova Zelândia em 2014, está reproduzido o desenho original da pesquisadora. O círculo vermelho é a Zona de Fuga, e como foi visto, ela delimita a tolerância do animal a aproximação de uma pessoa. Nela há duas linhas tracejadas: uma que se estende pelo lombo, dos olhos (0°) até o rabo (180°) e outra perpendicular que sai da metade do animal, no cruzamento de ambas fica o Ponto de Balanço.

Ângulos para abordagem

O ovino possui uma zona cega de aproximadamente 30° atrás de si, logo a aproximação para uma imobilização segura deve privilegiar esta zona, assim como o silêncio e o contra o vento. Isto reduzirá a instantaneamente a Zona de Fuga.

Um pastor que se aproximar por trás de um animal o manterá parado se o fizer pela zona cega, mesmo que invada a Zona de Fuga um pouco e se ele chegar até no limite da Zona de Fuga sem invadi-la, mesmo que em um ângulo aberto, o animal permanecerá parado, o pastor terá ainda o limite máximo de aproximação mantido até o ângulo fechado de 150° da Linha de Balanço lombar, ou 60° da linha de Balanço Perpendicular, conforme está na figura. Este procedimento não é exato, mas em condições normais de um manejo tranquilo, sem latidos, cavalos e berros funciona bem e é uma informação valiosa para melhorar a eficiência da laçada ou do uso de um cajado.

Se o objetivo da aproximação for mover o animal para um objetivo a frente, o pastor deve atingir a Zona de Fuga abordando o animal por trás em um ângulo mais aberto, acima de 135° da linha do lombo, ou 45° da linha perpendicular (posição B da figura). Se ele não se aproximar muito rápido e não se aproximar muito o animal não vai disparar, apenas começará a se mover para frente buscando manter a distância de fuga, mas tomando uma trajetória curva e bem aberta para o mesmo lado do pastor que se aproxima. Enquanto o pastor mantiver o passo e a distância, sem ultrapassar o Ponto de Balanço, o animal se moverá para a frente. Quando quiser parar o animal basta que saia da Zona de Fuga em ângulo mais fechado (posição A da figura).

Quando o pastor aborda o animal de frente nos mesmos ângulos o o resultado tenderá a ser o mesmo, exceto que o animal vai se afastar andando para trás, também em curva, guardando a distância de fuga, até o momento em que se virar e se afastar mais. Se a abordagem ultrapassar o Ponto de Balanço o animal tenderá a se mover no sentido oposto ao do deslocamento do pastor e passar pelo seu lado também abrindo distancia.

Uma abordagem direta e de frente, no sentido do eixo lombar, fará o animal recuar em linha reta assim que sua Zona de Fuga for invadida e se o pastor parar assim que a Zonha de Fuga esteja livre o animal parará, caso o pastor ande para trás o animal tenderá a caminhar para frente novamente. Se o pastor abordar o animal também pela frente, mas em ângulos mais abertos, a tendência do animal, como foi visto, será andar para frente e escolher o lado oposto do pastor para passar, mantendo a Zona de Fuga desimpedida.

Lembrar que ovinos são gregários e os rebanhos possuem sinuelos (lideres dominantes) é algo extremamente útil e eficiente para deslocar um rebanho a um objetivo, bastam um pastor e um ajudante:
  • O pastor toca repetidamente o sinuelo usando o Ponto de Balanço do animal e logo mais atrás o ajudante faz o mesmo com o rebanho.
  • O pastor caminhar para o objetivo executando primeiro um afastamento do sinuelo, depois se aproxima perpendicularmente até o limite da Zona de Fuga e começa a se mover no sentido oposto ao seu objetivo. Isso faz o sinuelo se deslocar para o local desejado.
  • Ao mesmo tempo o ajudante, mais atrás, repete os movimentos do pastor numa escala menor para usar o Ponto de Balanço do rebanho. Ele se desloca primeiro para frente e para longe do rebanho até achar sua metade, então se aproxima perpendicularmente até o limite da Zona de Fuga e passa a caminhar para dentro dela no sentido oposto ao do rebanho, fazendo-o continuar a se movimentar no rumo do sinuelo.


Cajado

Uma Zona de Fuga não pode ser medida com exatidão, como foi visto, corre que no caso de ovinos e caprinos o conhecimento histórico se encarregou de estimá-la e assim podem ser ser evitados aqueles argumentos meritórios irritantes tipo “só quem tem prática”, “sem experiência não é possível”, etc.

Desde bem antes de Cristo o homem pastoreira estes animais e se sabe que os pastores sempre carregavam um bastão para corrigir o comportamento dos animais e um cajado para salvá-los e manejá-los.

O cajado mais famoso é o de Moisés, que virou cobra, mandou as dez pragas para o Egito, tirou água de pedra e abriu o Mar Vermelho para dar passagem aos judeus em êxodo. Inclusive dizem que nem era exatamente dele, mas de Adão, e fora feito de um galho da árvore do conhecimento, presenteado por Deus antes da condução coercitiva...

O importante é que há referência a ele na Bíblia, no Torá e no Alcorão e assim, talvez ele seja um dos poucos consensos da história ocidental, embora exista dúvidas se era “mish` enah” (cajado) ou “shebet” (vara), pois está registrado nos Salmos o que Davi disse:

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra tenebrosa, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; tua vara e teu bastão são as coisas que me consolam” (Salmo 23:4).

Fiquemos com o cajado, afinal, segundo o Alcorão, Moisés foi perguntado por Deus (sei lá porque, já que é onisciente) sobre o que trazia na mão e respondeu desaforadamente para o arbusto em chamas: 

“É o meu cajado, sobre o qual me apoio, e com o qual quebro a folhagem para o meu rebanho; e, ademais, serve-me para outros usos.” (Alcorão 20:18).

Destarte nos escritos sagrados não se encontrem referências sobre seu tamanho, em 2002 Graham Phillips escreveu um livro chamado “The Moses Legacy” no qual assevera que o cajado de Moisés se encontra no Museu de Birmingham e pertenceu a um egípcio chamado Tuthmosisos que fez gravuras nele.

Inscrições egípcias de no cajado de Moisés.

Mesmo intrigado por Moisés ter precisado do seu cajado para atravessar o Mar Vermelho, depois que saiu do Egito e nada indica que ele o tenha deixado para trás, o que importa no caso é sua medida de 3 côvados (a distância entre o cotovelo e o dedo médio), mais ou menos um metro e trinta e cinco centímetros.

Cajado do Museu de Birmingham  

Isso dá na altura do coração de alguém que tenha a estatura de um metro e sessenta centímetros, possivelmente a média das pessoas daquela época, quando não havia muita comida, embora fosse uma alimentação bem mais saudável.

Seguindo as proporções do Homem Vitruviano de Leonardo Davinci, para encontrar a medida da Zona de Fuga de um ovino ou caprino, basta lembrar a altura é igual a largura dos braços abertos e a cabeça corresponde a 1/8 de sua altura total.

Homem Vitruviano

Fazendo as contas e considerando que Moisés não devia ter muito mais que um metro e sessenta mesmo, seu cajado seguro pela mão perto da extremidade devia ter um raio de ação de aproximadamente dois metros, e com o corpo inclinado uns 45° para achar o alcance máximo é possível que capturasse animais distantes a um pouco mais de dois metros e meio.

É razoável crer, então, que a Zona de Fuga dos ovinos e caprinos daquela época girasse entorno de dois dois metros, talvez um poco menos, mas como hoje, tanto os ovinos quanto os humanos estão maiores, não parece impossível que esta medida tenha se alargado um pouco.

De qualquer forma, até onde foi possível descobrir, o cajado foi razoavelmente aprimorado ao longo do tempo, e sua forma original, levemente curva em uma das pontas, útil apenas para trazer o animal para o alcance das mãos, evoluiu para o formato de um gancho, capaz de prender um animal pelo pescoço (ou patas). Há, também, modelos com uma ponta para cutucar e outros com o gancho menor e mais fechado na outra ponta,para usar nas patas. Além disto, por força da ergometria, já que ficamos mais altos, é justo os cajados modernos ganharem mais mais alguns centímetros, mas sem os exageros dos filmes bíblicos, pois algo com mais de dois metros me parece servir apenas para a defesa pessoal, e um cajado jamais pode ser pesado.

Na internet é possível encontrar cajados para vender, embora não existam muitas opções. Estes modelos de alumínio da foto não são muito caros e curiosamente podem ser encomendados com o gancho para pescoço, para patas (menor), ou mesmo com os dois ganchos - como os caprinos sempre ficam encarando, é possível que este gancho menor (que pode ter uma trava) se lhes aplique bem.

Cajados Brasileiros

Como não achei nenhum de madeira, clássico como eu gosto, num futuro e incerto post será possível mostrar como se pode fazer um cajado usando madeira verde curvada com vapor, afinal, todo pastor que se dê valor deve ter o seu cajado personalizado conforme a sua altura, força e magia, claro. Já os preguiçosos e ricos podem importar um da Wolston.




Cajados maiores para pessoas mais baixas e vice e versa, pois o raio de ação do conjunto pastor-cajado não precisa ser muito maior que 2,5 metros.

Tendo isto em mente, é fácil dimensionar um um bom cajado de trabalho: o pastor ao levar as mãos a boca para assobiar para o cachorro, deve poder pendurar o cajado no seu braço dobrado sem que ele toque no chão e lhe atrapalhe, ou se preferir mais comprido, ao encostar o nariz no cajado, a parte superior do gancho não deve ultrapassar a altura dos olhos. 

Em centímetros se está falando entre 140 e 165 para um pastor de estatura mediana perto de um metro e setenta centímetros. O mais comum são os cajados escutarem o coração de seus donos quando de pé, eles o encostarem no seu peito.

Um gancho com um palmo de diâmetro por fora e dois centímetros e meio de espessura deve servir para todas as situações, exceto para enganchar pelas pernas. Moldá-lo levemente deslocado, mais estreito na entrada e a ponta um pouco curvada para fora o torna mais eficiente. Em termos gerais, a entrada mais estreita do gancho de pescoço deve estar entre 8,5 e 10 cm e no caso do gancho para patas entre três centímetros e meio e cinco. 

Um detalhe histórico: afinar a ponta e dobrá-la para cima até formar um ganchinho permite pendurar a lanterna e o manto.

Pega

Alguns tratamentos e inspeções expeditas no rebanho não requerem o manejo dentro de mangueiras, sempre estressante, mas currais são importantes, porque os ovinos tendem a ficar parados quando encostam na cerca, e melhor, tendem a se agrupar nos cantos, facilitando a abordagem.

Caso tenha um laço bom e saiba o que fazer com ele só precisa ler o resto se for uma pessoa muito esquecida a ponto de deixa-lo vez ou outra no galpão, porque agarrar a unha é uma opção radical, porém sempre disponível, mas que deve ser feita com cuidado.

Agora preste atenção: é importante que o sucesso de pegar o animal ocorra na primeira tentativa, pois as demais serão cada vez mais difíceis, já que o animal vai ficando mais estressado e mais assustado, assim como o restante do rebanho, logo, se não souber laçar bem é melhor ir diretamente para a unha se não tiver outra opção melhor.

Há duas possibilidades com mais eficácia para agarrá-los a unha. Se chega por trás, cuidando o ponto cego e o agarra pelas ancas, num bote, para em seguida ladeá-lo contra o corpo e agarrar o pescoço por baixo, envolvendo-o com os braços. Muito cuidado para não puxar pela lã e se errar o bote, melhor soltar o animal que fazê-lo sofrer arrancando tufos. Ou então se toca o animal até um canto da cerca e de braços abertos (melhor duas pessoas, ou segure galhos para aumentar sua arcada) se aproxime vagarosamente pela frente até que ele tente furar o espaço entre você e a cerca, neste momento, com alguma agilidade e muita sorte é possível agarrá-lo diretamente no pescoço e em seguida por uma mão em sua virilha e imobilizá-lo contra o corpo para fazer a derruba. Este procedimento é mais seguro para o animal, só é mais difícil também.

Mas há o cajado, claro, e tal como o laço, se não for esquecido pode resultar em bom proveito: quem não tem cão caça com gato e quem não laço dá cajadadas, mas cuidado para não matar os “coelhos”.

As técnicas são as mesmas para se agarrar a unha, com preferência para a abordagem frontal, e o alvo será enganchar o pescoço do animal, por isso o gancho cajado deve ser largo o suficiente para que o animal gire dentro dele, mas também deve ser um pouco mais estreito na sua entrada para dificultar a fuga. Usar o cajado nas patas é possível, mas ele deverá ter um gancho menor, e não creio que animais maiores resultarão em boa coisa. Cuidado com uberes e escrotos.

Sobre cajados e seu manejo com ovinos há um belo depoimento e uma rápida demonstração neste vídeo:

 https://www.youtube.com/watch?v=xTJbvw3Cps4 


Após um curto período de aprendizagem a eficiência do cajado deve ser bem maior que a da unha e ainda há vantagens extras: além do seu stress e dos animais ser evitado em grande parte, tanto na ida quanto na volta da lida um terceiro apoio ajuda a eliminar perto de 30% do esforço dos joelhos, segundo os peregrinos que entendem muito de caminhar; e como a gente sempre se quebra nestes rodeios ele dá uma boa muleta, nos casos graves serve de tala e já é meia padiola, além de que pode substituir a cruz do descanso do pastor...

Imobilização

Após a pega é possível imobilizar o animal sentado-o nos seus pés, o que permite examinar rapidamente o peito, onde frequentemente ocorrem miíases, o úbere e o aparelho genital, e fazer o casqueamento, melhor com ajuda de alguém.

Neste caso a pessoa se arqueia sobre o animal e o levanta contra as pernas, segurando suas patas, depois é só segurar seu pescoço como mostram as fotos abaixo do site do Milkpoint e se o animal for redomão e espernear muito, basta dobrar seu pescoço como na última foto, que ele se entrega. 

Imobilização sentado

No mercado exterior há essas cadeirinhas. Não sei porque não são feitas no Brasil, afinal nossos empreendedores sabem copiar tão bem quanto os chineses, mas de qualquer forma fica a dica e qualquer serralheiro faz uma brincando, assim como qualquer ser humano com alguma noção do tamanho de uma ovelha faz seu projeto. Eu fiz uma de madeira, na tosqueira mesmo, que já quebrou de tanto uso e assim que eu conseguir uma máquina de solda vou fazer uma decente, pois é bem útil, só dá muito trabalho para encaixar o bicho nela, depois é beleza.


Cadeirinha

Derrubamento

Para outros procedimentos, como injeções, aplicação de unguentos, tosa da barrigueira para deixar o úbere a mostra, ou animais maiores é necessário imobilizá-lo com derrubada.

Após o animal estar imobilizado, com uma mão na virilha e outra por baixo do focinho, se força o animal contra as pernas e ao mesmo tempo se puxa a mão da virilha para coma e se torce o pescoço para fora, fazendo-o dobrar um pouco. O animal pende para trás quase instantaneamente e arqueia as patas traseiras perdendo o equilíbrio. Basta força-lo, então, contra o chão e ele vai deitar de lado, esperneando um pouco - como sua cara vai estar meio perto cuidado para não quebrar os "óculos".

Neste momento pode ser preciso se agachar e colocar uma canela sobre o pescoço do animal por alguns instantes para de dominá-lo completamente. Normalmente dá para fazer direto o que mosta na última foto: colocar a perna entre a pata dianteira de cima e o pescoço para travá-lo - as são do mesmo site e vale muito a pena ler a matéria inteira.

Derrubamento e contenção

Não tentei essa coisa da foto abaixo, mas este dispositivo parece bem prático para ser utilizado depois que o animal foi derrubado. Também não está a venda no brasil, mas até com ferro de construção se pode moldar um, boa sorte e me conta.

Imobilizador de pescoço.

Fico por aqui nesta hora, sonho que alguma contribuição para a ovinocultura tenha ocorrido e podem comentar a vontade, se a surra não for desmanteladora vou dar sequência na errática deste blog abordando o curral anti-stress, proposto pela americana Temple Grandin, um exemplo de superação para nossos pecuaristas, pois mesmo nascida com o mal de muitos deles, um grave autismo, ela soube como superá-lo e se doutorar em veterinária, algo ainda não visto aqui e neste meio do "agro".

MANEJE-SE e FT!